sábado, 12 de novembro de 2016

Porque o Palmeiras não foi Campeão do Mundo em 1951!

Palmeiras

Existem inúmeros argumentos para não considerar a Copa Rio de 1951, vencida pela Sociedade Esportiva Palmeiras como um Campeonato Mundial de Clubes, considerado como tal pelos mais fanáticos e desavisados torcedores palestrinos. A função deste artigo meus caros não é a de levantar polêmicas, muito menos menosprezar a conquista palmeirense, e sim colocá-la na sua devida importância e relevância na história.
Na última sexta-feira, 22, completou-se 65 anos da conquista do Palmeiras na Copa Rio de 1951, mas porque há tanta discussão em volta do assunto somente agora, depois dos anos 2000 e não havia antes sequer uma lembrança da grande conquista palmeirense até mesmo por parte dos próprios torcedores e dirigentes do time alviverde? Essa questão eu responderei no final do texto.
Vamos aos fatos: qual foi o critério utilizado para que os clubes disputassem a Copa Rio de 1951? Por que ela foi criada? Quem organizou o torneio? Qual a sua importância para o futebol mundial na época?
Primeiro, antes de tudo, vamos ao porque da criação da Copa Rio de 1951: A Copa Rio foi criada única e exclusivamente para recuperar a identidade brasileira com o futebol depois do fracasso na Copa do Mundo de 1950, ou seja, ela nunca teve o intuito de se autoproclamar como um “Campeonato Mundial de Clubes”, tanto é que não houve um critério de escolha de clubes participantes, a ideia inicial era “convidar” times campeões nacionais aos quais suas seleções tivessem participado do Campeonato Mundial de Futebol de 1950, no Brasil, no entanto, vários países de prestígio declinaram-se de participar com seus escretes campeões, que foi o caso da Espanha com o Barcelona e da Inglaterra com o Tottenham.
Outra falha da organização do evento foi ter organizado o torneio paralelamente a Taça Latina de Clubes Europeus (uma das precursoras da Liga dos Campeões da Europa e principal torneio de clubes europeus na época), além disso, o próprio campeão do Torneio da edição de 1950, o Benfica de Portugal sequer foi convidado como Campeão Europeu a disputar o campeonato.
Como estavam acontecendo as competições da Taça Latina de Clubes Europeus e a Mitropa CUP, vários clubes deixaram de participar, e isso empobreceu a qualidade do torneio. A Juventus da Itália, por exemplo, que ficou em terceiro lugar no Campeonato Italiano de 1951 entrou no lugar do Milan que viria a se tornar campeão europeu de 1951 justamente da Taça Latina.
Outra questão irrefutável é o fato da FIFA, órgão máximo do futebol mundial não se envolver a época com a organização do evento. Certa vez questionado em Madrid por jornalistas brasileiros do porque a FIFA não se envolver com o Torneio no Brasil, o presidente da entidade na época, Julis Rimet (o maior responsável pela criação da Copa do Mundo de Futebol) apenas respondeu que a competição era uma responsabilidade exclusiva da CBD (Confederação Brasileira de Desportos), atual CBF, ou seja, foi um torneio organizado pela CBD e não para proclamar realmente um Campeão Mundial de Clubes.
Outro argumento que não pode ser desconsiderado é o fato de existirem vários torneios semelhantes à Taça Rio de 1951 que também tentaram dar a alcunha de “Campeão do Mundo de Clubes” ao seu vencedor, porém, nunca obtiveram sucesso; são os casos do Torneio d’Esposizione, em 1937, vencido pelo Bologna da Itália, da Pequena Taça do Mundo na Venezuela, jogado de 1952 a 1957, inclusive tendo o Corinthians e o São Paulo como campeões e também da Copa Europeia Sul-americana (Taça Intercontinental) não reconhecida pela FIFA como Mundial de Clubes, apesar desta reunir os dois campeões das principais competições da UEFA (Champions League) e da CONMEBOL (Taça Libertadores) em uma Final.
O Mundo não reconhece e muitos sequer sabem da existência desse campeonato em seus países, a Copa Rio de Clubes só tem reconhecimento como “Mundial” para os palmeirenses, assim como o Wolverhampton se autoproclamou “Campeão do Mundo” por vencer um único jogo contra o Honved da Hungria em 1954.
Agora, a resposta da questão levantada acima do porque só agora o Palmeiras deseja reconhecimento pela conquista da Copa Rio de 1951.
Quando o São Paulo de Telê Santana no início dos anos 1990 conseguiu o Bicampeonato da Libertadores e posteriormente também o Bicampeonato da Taça Intercontinental, poucos clubes davam importância aos campeonatos internacionais. Foi a conquista do São Paulo, televisionado para todo o país que ascendeu a chama dos rivais em alcançar também o feito de serem reconhecidos como “Campeões do Mundo”. Para os palmeirenses ficou ainda mais explícito seu desejo de ser reconhecido como “Campeão do Mundo” depois de ver seu principal rival, o Corinthians vencer o Mundial da FIFA de 2012.
Antes, santistas, são paulinos e palmeirenses tiravam sarro dos corintianos por estes serem “virgens” de títulos internacionais, principalmente pela falta da Libertadores da América em seu currículo. Depois do Corinthians vencer a Libertadores e o Mundial de 2012, sobrou ao Palmeiras a alcunha de único grande paulista a não ter conseguido ser “Campeão do Mundo”.
Vejam bem meus caros, este jornalista que vos escreve não tem o menor interesse em menosprezar a conquista do Palmeiras da Taça Rio de 1951, porém, uma coisa é levar a sério as brincadeiras, a outra é reconhecer um título que de Mundial não teve nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário