terça-feira, 15 de novembro de 2016

Campinas, SP, foi a última cidade a abolir a escravidão, segundo pesquisa

"O Brasil foi o último país a abolir a escravidão. Campinas foi a última cidade do país", afirma Ademir José da Silva, presidente da Comissão de Igualdade Racial, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Campinas (SP). Segundo o especialista, o município também ficou conhecido pela violência com que tratava os negros escravizados e por isso, ser vendido para um barão da cidade era um castigo.
Para resgatar os detalhes do período da escravidão na região, a OAB Campinas criou a Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra no Brasil. "Essa comissão busca responder três questões: a escravidão foi um crime? Se ela foi um crime, quem os cometeu? E quais as formas de reparação? Mas, já está comprovado que a escravidão é um crime de lesa humanidade", afirma Silva, que também é presidente do grupo no município.
Silva ressalta que o grupo de Campinas, que foi criado em setembro, é permanente, e ligado as comissões nacional e estadual sobre o assunto. O prazo para a conclusão dos trabalhos é de dois anos. A comissão busca constatar com provas de que o castigo para o escravizado era ser vendido para um senhor, um barão de Campinas"
Outro ponto que será investigado pela comissão é o rigor dos castigos físicos aplicados aos negros em Campinas, já que ser vendido para um barão do município era visto como uma punição. "Campinas tinha um castigo pior que o resto do Brasil e vamos investigar isso", explica.
Outra questão que será alvo de investigação da comissão é a razão que levou Campinas a ser a última cidade do país a abolir a escravidão. "Mas, não podemos esquecer que a escravidão era um negócio. O escravo era um patrimônio. Se era um negócio assim rentável, as pessoas não iam abrir mão só por ideologia. Nós temos informações de barões que não davam muita bola ao que o estado fazia. Aí continuava", destaca.

Luiz Gama
Além disso, segundo o advogado, outra história que a comissão busca constatar envolve o abolicionista Luiz Gama. "Tem uma história de que Gama teria sido vendido para um escravocata de Campinas e quando esse senhor soube a origem dele, que era baiano, não quis ficar, porque os escravos baianos tinham fama de rebeldes. Anos depois, quando Gama se tornou um dos maiores libertadores de escravos, esse senhor teria se tornado amigo dele. Ele libertou mais de 500 escravos ao longo de sua vida. Este mês, ele foi considerado advogado honorário pela OAB", conta Silva.

Informações do G1

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